Cheguei tarde e não presenciei a interdição da Avenida Suburbana, trecho de Escada, por integrantes do MSTS (Movimento do Sem Teto de Salvador) no dia 02 deste mês. Não deu tempo de ver e nem de fotografar cerca de 200 pneus queimando e impedindo o tráfego de veículos no local. Deu tempo sim, de ver a angústia de alguns quando pensavam na possibilidade de sair de suas casas. Deu tempo de visitar uma escola, uma nascente localizada no final do terreno, de ver muitas flores plantadas nas “varandas” dos barracos. Deu tempo de ouvir: “Pode entrar, aqui todo mundo é amigo” e ainda de lavar meu rosto sujo de fuligem (do que sobrou dos pneus queimados) com água e sabão oferecidos pelos moradores. O protesto tinha um motivo. Segundo Pedro Cardoso, coordenador do MSTS, o grupo estava em um processo de negociação com a Coelba (proprietária do terreno) e a Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) e, por isso, não esperava receber a liminar determinando a saída do local. “Ficamos surpresos com a decisão de que teríamos que desocupar imediatamente a área e ainda hoje teremos uma reunião pra discutir o assunto”, diz.
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